quinta-feira, 24 de maio de 2018

O meu amigo Rafa


Era 2014 quando me apresentaram o Rafael. Não era, decididamente, um dos melhores dias pra eu conhecer alguém. Eu estava bem triste, tinha chorado bastante neste dia. Então, me apresentaram o Rafa. E o que ele me disse foi: Guarde essas lágrimas, menina. Ele me assegurou que os dias ruins iam passar, que eu ainda ia chorar muito, mas por motivos muito mais merecedores das minhas lágrimas. E não é que aquele praticamente garoto tinha razão? De lá pra cá, me encontrei muitas vezes com ele. 

E é incrível como ele sempre tinha algo certeiro pra me falar. Principalmente sobre perseverança, amor próprio e fé. De um jeito bem dele, descolado, mas com as palavras chegando direto no meu coração. Ele me falava que eu devia aprender a surfar de acordo com a maré. E que haveriam momentos em que eu só precisaria ficar sentada na minha prancha, olhando o movimento das ondas. Que eu poderia mergulhar de cabeça quando eu sentisse vontade. E se as coisas dessem errado, que eu soubesse que não é um vida ruim, apenas dias difíceis. Que passam. Ele me puxou muito as orelhas também. “Porra, Cláudia, pára de fazer merda”. “Mas também não desiste do amor, das pessoas. Em algum lugar, tem alguém te procurando também. E um dia, vocês vão dançar juntinhos, de pés descalços numa grama verdinha de felicidade”. 

Mesmo sendo um guri mais novo que eu, ele me ensinou muito. Sobre como é bacana estar conectado nas redes sociais, mas como devemos cuidar das pessoas de nossas vidas. Porque as despedidas vêm quando menos esperamos e machucam. É essa roda gigante que é a própria vida, que a faz tão fascinante. Nós dois gostamos de bichos, temos lembranças lindas de nossos avós, adoramos uma balada, mas seguimos acreditando num amor pra sempre. O Rafa se tornou um cara tão especial, que eu apresentei ele pra mais gente. E não tem que não gostasse. Impossível! E sabem o mais incrível disso tudo? Nós nunca nos vimos. Em 2015, o Rafa saiu lá de Goiânia e aportou aqui em solo gaúcho. Mas a minha vida andava tão complicada, que eu não consegui ir encontrá-lo. Sei que ele entendeu. Hoje, sim, hoje, ele vem pra cá de novo! Vence os mais de 2 mil quilômetros que nos separam e vai estar aqui do meu ladinho. Mas, sabe, Rafa... Eu não vou poder ir de novo. Fiquei triste. Precisei fazer uma escolha. E, por favor, não te sinta preterido. Eu não vou ir te ver hoje por tudo que aprendi contigo. Justamente hoje eu tenho um compromisso com os meus sonhos, com meu propósito de vida. E foi através das tuas palavras, dos teus textos, que eu aprendi a resgatar a minha força de lutar por eles, de acreditar que é possível eu realizá-los. Obrigada por isso, obrigada por teus livros, por teu carinho conosco, teus leitores, que mesmo sem tu conhecer pessoalmente, tu fazes que nos sintamos especiais, únicos. Tanto que costumas terminar teus textos com a expressão “um abraço do amigo, Rafael”. Tenho um livro teu com esse registro. Tu és um baita amigão, quero que saibas disso. 


Tu Precisava Escrever (e como somos gratos porque o fizeste). Eu preciso semear os Meus Frutos. Hoje a gente não vai se encontrar. Mas eu tenho certeza absoluta que a gente ainda se esbarra por aí.

Um abraço,
da amiga Cláudia

domingo, 1 de abril de 2018

Sobre Deus, destino e determinação

Houve um tempo em que travava minhas lutas de forma pública e lamuriosa. Expunha minhas dores e fragilidades. Mas mudei. Uma mudança gradual, que inclui cura, amadurecimento, aprendizados. Quando revejo lembranças de postagens antigas, me envergonho de tantas lamentações. Mas era como eu sabia, naquele momento, lidar com minha dor. Hoje, me considero uma pessoa muito mais positiva e grata à vida. Sei na prática, que a felicidade é um exercício mental diário. Muitas pessoas às vezes me questionam: então não tens mais aqueles problemas? Sim, tenho. Tenho ainda alguns velhos problemas. Tenho novos. Tenho outros bastante sérios. Mas não são eles que determinam meu destino. É como eu me comporto frente a eles.

Ainda assim, sou humana. Tenho meus piores dias, onde os desafios me parecem muito maiores que minha capacidade de conduzi-los, em que me questiono e choro. Na maioria das vezes, nessas ocasiões, eu largo um pensamento inconformado: "cara, Deus tem que estar vendo isso''. Pois eu quero contar pra vocês: Ele está.


Eu já tive muitos motivos para achar que não valia à pena viver. Hoje, tenho todos os motivos do mundo para querer viver mais e mais, pois ainda tenho muitos sonhos a realizar. E devagar, eles estão acontecendo. Sonhos simples, sonhos grandes. De infância e outros recentes. Alguns maiores do que eu podia pensar em realizar. Porque foi isso que eu determinei pra minha vida quando passei a reclamar menos e agradecer mais.

Hoje eu consigo enxergar com clareza do quanto a responsabilidade de nossas vidas é completamente nossa. Do quanto somos capazes de atrair com a força do pensamento e atitudes, aquilo que desejamos viver. Às vésperas de completar 46 anos, parece que sim, estava mais do que na hora de eu conhecer a prosperidade e a alegria que sempre persegui. Mas está tudo certo. Elas estão vindo no tempo certo, rapidamente até, depois que eu entendi que não tinha que ir atrás delas, mas sim, abrir meus caminhos para que elas quisessem estar comigo. É uma soma: Deus vendo, meu destino se cumprindo e a determinação em fazer tudo isso dar certo.

 Sabe o que eu quero te dizer com isso? Que tu também podes, a qualquer momento, reescrever tua história, com capítulos infinitamente mais felizes e emocionantes. Vamos lá? Te espero na linha de chegada, para comemorarmos juntos.

Que tua semana seja de realizações! 
Um beijo, 
Cláudia

quinta-feira, 15 de março de 2018

Às minhas várias mulheres

Semana passada, no Dia Internacional da Mulher, fui agraciada pela Câmara Municipal de Canoas, com o Prêmio Picucha Milanez. Um reconhecimento a mulheres que se destacam por sua atuação, em diversas áreas, na cidade. Fui indicada por meu trabalho pela inclusão de pessoas com deficiência e empoderamento feminino, que realizo via este blog e via minhas palestras. Recebi o prêmio junto a outras 10 mulheres. Fui escolhida como oradora do grupo e ainda tive a oportunidade de apresentar nossa trajetória, dificuldades e desejos de um mundo mais igualitário. Foi uma noite ímpar, jamais imaginada em meus devaneios de reconhecimento.

Mas sabem qual momento mais me emocionou? A hora do hino. Ali, perfilada com as demais homenageadas, cantando o hino da minha cidade, eu chorei.


Aquele prêmio estava sendo dado à menina que nasceu em Canoas, contrariando o desejo machista do pai de ter um filho homem. Que viu seu lar ser destruído pelo alcoolismo e pela violência doméstica. Que foi levada embora, aos 5 anos, para Porto Alegre, para ser criada longe de sua família e muito chorou por isso, sem entender os porquês.

Aquele prêmio foi da estudante que, contrariando as piores previsões do pai que a rejeitou e de uma madrinha que a humilhou e desacreditou ainda na infância, foi a primeira pessoa de sua família a conquistar um diploma universitário, na concorrida UFRGS, aos 21 anos de idade.

Quem recebeu o prêmio, foi a esposa, casada por 22 anos, que repetiu a história de violência doméstica de sua mãe. E que, oprimida pelo sistema, se sentia culpada. Custou mais de duas décadas, mas ela conseguiu se livrar da subjugação.

Quem foi premiada foi a mãe, que teve um filho comprometido para sempre por conta de um erro médico no sistema público de saúde, na hora do parto. E que dessa dor, fez motivação para lutar pela inclusão, acessibilidade e, todos os direitos das pessoas com deficiência.

O prêmio foi para a mulher que uma vida inteira teve problemas com o peso e autoestima, chegando à obesidade mórbida. Mas que, como tudo em sua vida, decidiu que era hora de virar o jogo. Que deixou 35 quilos para trás e quer e sabe que ainda pode mais.

Foi reconhecido o valor da mulher que entre 2010 e 2013 pensava em tirar a própria vida todos os dias, pois não via sentido em tudo de ruim que precisava passar. E que hoje, há 5 anos sem uso de nenhuma medicação, ajuda as pessoas a buscarem motivação e propósito em suas vidas, por mais difícil que pareça. Ela mesma aprendeu. Sempre há motivos.

Ouvindo o hino da cidade que nasci e, mesmo morando fora, eu sempre mantive o vínculo, eu chorei. Onde casei e batizei meus filhos. Onde estava minha família biológica. Para onde sempre quis voltar, e assim o fiz, 28 anos depois de ter ido embora. Voltei ainda infeliz, ainda no olho do furacão de todas as minhas tempestades pessoais. Mas eu sabia que na minha terra as coisas iam melhorar. Foi aqui que conheci pessoas que me estenderem a mão. Que me ajudarem a me reencontrar e me reerguer. A cidade que tanto amo, o meu berço... Premiando todas as mulheres que vivem em mim. Elas venceram! 


E vitoriosas, hoje, elas querem dizer a cada mulher, que elas também podem. Sempre podem. A qualquer momento. Em qualquer idade ou situação. O poder da mulher é imenso. Descubra o teu poder. Acredite nele. A vida te premiará por isso.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Um reconhecimento a este blog

No último dia 8, Dia Internacional da Mulher, este canal, o Meus Frutos, foi um dos motivos que me levou à honraria máxima concedida às mulheres de minha cidade. Recebi, junto a outras 10 mulheres de fibra e lindas histórias de vida, o Prêmio Picucha Milanez 2018. Reconhecimento a mulheres que se destacam em suas áreas de atuação. Colho frutos mais rápido e de maneira maior do que o sonhado. Foi aqui que tudo começou. Aqui nessas linhas começou a se desenhar a mulher que daria uma virada em sua vida, em seus padrões, conceitos. 










Honra e responsabilidade que aumenta. Gratidão a cada um que nos acompanha - desde o blog criado em 2005, nos canais mais recentes, nas palestras. Sigamos semeando um mundo mais igualitário, com espaço para todos. 

quinta-feira, 1 de março de 2018

Não reduza uma mulher

"Tu tem o rosto lindo, pena que é gorda". Durante anos eu ouvi isso. O que aprendi da vida é: não reduza a beleza de uma mulher por suas medidas não se encaixarem em padrões pré-estabelecidos (estabelecidos por quem mesmo?). Muito além disso: não limitem a força e o valor de uma mulher a sua aparência. Nós somos muito, muito mais do que isso.


domingo, 18 de fevereiro de 2018

Uma mulher em construção

Ontem eu postei uma foto de biquíni. Foi uma foto de amor e coragem. As pessoas muitas vezes não entendem as selfies. Sim, no meu caso, é consciente autoafirmação. Eu preciso me olhar e lembrar que sou bonita, que posso e devo me amar. Durante muitos anos isso me foi negado. Escondi meu corpo porque ele era ridicularizado. Me enxergava com os olhos distorcidos e cruéis do outro. E me cobria de infelicidade e mais gordura, como que querendo me esconder do mundo inteiro. O processo de resgate de mim mesma foi longo e doloroso. Por isso mesmo, hoje tenho o maior orgulho de cada passo que dei e sigo dando.
Em dezembro de 2016, me permiti usar biquíni pela primeira vez em mais de 25 anos. Ainda obesa, mas ali começava de verdade, meu processo de autoaceitação. A transformação do mindset, do padrão mental. Não tirei quase fotos, pois ainda me constrangia. Sabia do abismo que separava meu corpo do modelo socialmente aceito. Mas, a passos de formiguinha, me preparava pra mudança externa - aquela que, também lentamente, tinha iniciado internamente um par de anos atrás... 


Quatorze meses depois e dezessete quilos a menos, comprei mais biquínis. Roupas curtas e justas. Amo o corpo que estou construindo. Ainda fora dos padrões. Mas hoje o amo como ele é. Porque ele tem as marcas da minha história. Porque ele sustenta minha alma nessa existência. Porque ele gerou meus dois amados filhos. Porque me dá prazer. Porque é meu e é perfeito, sim. Então teve foto de biquíni, sim. Era só pra mim, mas gostei tanto que partilhei em alguns canais. Não pra receber elogios, até porque não é disso que se trata. Trata-se de cuidar de si mesma. Do poder de mudar, não o que os outros acham que deva ser mudado, mas aquilo que te incomoda. Do mais legítimo amor próprio. Com letras maiúsculas. Levou quase 46 anos, mas exatamente como está descrito na minha bio, hoje eu amo a mulher que me tornei porque lutei bravamente para ser ela (e sigo lutando amorosamente por sua evolução contínua).

#vidademulher #maturidade #autoestima#autoconhecimento #empoderamento #mindset#maisde40 #amorproprio #ameseucorpo#emagrecimento #metamorfose #transformação

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O lado bom da vida

Estava voltando de Porto Alegre com Caio. O motorista do ônibus precisa de ajuda para posicionar corretamente a rampa para meu filho poder desembarcar. Pede ajuda a um transeunte que se nega e ainda o destrata. As pessoas seguintes, desviam o olhar com indiferença, como que com medo que também fossem solicitadas. Resolvemos, apenas eu e ele. Chego em casa com o natural cansaço das quartas-feiras: trabalho + fisioterapia do filhote em outra cidade. Minha vizinha deixou com meu filho mais velho, de presente pra mim, lindos maracujás. Esse é o saldo que fica do meu dia. Sempre vou escolher olhar para o lado bom. Obrigada pela gentileza, Telma.